sábado, 15 de setembro de 2018

Sobre a extinção do Ministério da Cultura

(Publicado no Facebook em 14/05/2016)
 
E penso sobre a extinção do Ministério da Cultura...

Poucos anos atrás os filmes eram diferentes, lançou-se "Dois filhos de Francisco" para mostrar a esperança dos mais pobres e o sucesso que se pode conseguir quando se batalha na vida. Se lançava a história da vida do Lula, um operário que chegou a Presidência da República.... Entre outras histórias que, me lembro, traziam-me esperança.

Hoje, os filmes buscam pouco mais além de arrancar risadas da plateia ou talvez prender a atenção numa perseguição com muita ação. E por fim, acabaram com o Ministério da Cultura.

Enquanto a falta de esperança permeia os corações dos Brasileiros, se desenha um modelo político-econômico para buscar no capital o avanço que queremos como nação.
No entanto, infelizmente, pela reverência exclusiva ao capital exclui-se facetas de um povo, expressões de uma nação. Buscando encurtar o destino, como se esses atalhos excludentes levassem ao mesmo resultado, caso fosse composto das facetas e expressões reais da nação. Ledo engano. Atalhos são atalhos.

Escolher a inclusão ou a exclusão, como princípio, é plantar resultados futuros hoje. Excluir outrem hoje pode resultar em ser o excluído amanhã. Nesse contexto, a inclusão necessita da tolerância, que é o suficiente para se dialogar a inclusão.

Porém dada a exclusão súbita, o capital bane a cultura, pois esta hipoteticamente não traz resultados financeiros rápidos para o país.
Penso: o que poderíamos falar dos EUA sem Hollywood? (Cito apenas como exemplo, sem querer copiar, mas sim para denotar o que a expressão cultural cinematográfica pode fazer para um país.)

É lamentável visões tão débeis que excluem o potencial de expressão de um povo, da sua história e dos seus sonhos futuros eliminando um Ministério como o da Cultura. A arte e a cultura são canais de expressão para o mundo daquilo que somos. E como tal, (e no mundo capitalista tudo funciona assim) pode ser mercantilizado.

Brasileiros, somos criativos, além de tudo. Porque não transformarmos essa expressão criativa por meio do cinema, da música, da poesia em produto de arte? Porque não exportamos a nossa beleza estética para o mundo?
O que seriam da França e a Itália sem a sua beleza gastronômica e de moda reconhecidas em todo o mundo? Não é isso a expressão cultural de um povo? De uma nação?

A despeito de todas as ineficiências que temos, o que inclui burocracias e corrupção, temos um país com alto potencial de crescimento, com um povo batalhador e criativo. Porém, infelizmente a falta de liderança tomou conta no âmbito político. Os grupos políticos se digladiam entre si na vontade da extinção um do outro sem buscar, através da capacidade do diálogo, uma mínima coalizão.

A liderança do capital elitizado percebe o espaço e ganha este espaço em busca de aumentar seus lucros, guiando processos políticos e sugerindo mudanças que, embora possam melhorar a economia, excluem a expressão cultural da sociedade.
É dado que a visão do capital não buscará, certamente, o melhor para a sociedade e sim o maior retorno financeiro, que talvez seja enviado para sócios ou grandes capitalistas mundiais fora do país, inclusive.

Não é essa solução que valorizará o povo Brasileiro, que ajudará a desenvolver a nação - e não apenas a economia. Nossa cultura precisa de espaço e de capitalistas que entendam a riqueza do nosso povo e a magnitude e potencial que os nossos produtos culturais podem alcançar mundo afora.

Ayrton Senna virou ídolo no Japão. Zico virou ídolo no Japão. Nossas novelas são exportadas para países europeus como Portugal, Espanha, Itália ou México. Não é isto uma prova clara de que a nossa cultura tem mercado pelo mundo?

É preciso acreditar na cultura do nosso povo. É preciso acreditar que incluir é possível. E que lucro é o resultado de tudo que fazemos bem feito.